Os mouros na península ibérica

Os mouros na península ibérica

Por toda Espanha é muito presente a arte dos árabes mulçumanos (mouros), por isso vale a pena saber algo sobre esse assunto, os mulçumanos ibéricos.

Quem eram os mouros

Mouros, mauritanos, mauros ou sarracenos são considerados, originalmente, os povos oriundos do Norte de África, praticantes do Islã (mulçumanos), de onde hoje se encontram Marrocos, Argélia, Mauritânia e Saara Ocidental. Estes povos consistiam fundamentalmente nos grupos étnicos berberes e árabes.

Foram invasores da região da Península Ibérica, Sicília, Malta e parte de França, durante a Idade Média.

Entretanto, a maior parte dos mouros da Península Ibérica eram descendentes de ibéricos convertidos ao islamismo. Ou seja, eram originarios da miscigenação entre o povo conquistado (os ibéricos) com seus conquistadores (os mouros).

Na Antiguidade, as populações que habitavam a região noroeste da África chamavam suas terras de “Mauritânia”, por isso, os romanos passaram a chama-los de “mauros”, que derivou para “mouros”.

A invasão.

A invasão islâmica da península Ibérica, também conhecida como invasão muçulmana, conquista árabe ou expansão muçulmana, refere-se a uma série de deslocamentos militares e populacionais ocorridos a partir de 711, quando tropas islâmicas oriundas do Norte de África, sob o comando do general Tárique, cruzaram o estreito de Gibraltar, penetraram na península Ibérica, e venceram Rodrigo, o último rei dos Visigodos da Hispânia, na batalha de Guadalete. Após a vitória, termina o Reino Visigótico.

Antecedentes

Boa parte do território da Península era então dominada pelos visigodos. A monarquia dos visigodos era eletiva. Com a morte do rei Vitiza em 710, as cortes reuniram-se para eleger o seu sucessor, constituindo-se duas facções em disputa pela trono: o grupo de Ágila II e o de Rodrigo, o último rei visigodo de Toledo.

Tendo sido derrotado nessa eleição, os partidários de Ágila II planejaram depor Rodrigo. Sem exército e sem armas, tiveram a péssima ideia de pedir apoio ao governador muçulmano da África, Muça Ibne Noçair, incitando-o a enviar uma expedição militar à Península. Argumentaram que desde o final do século VI os judeus vinham sendo perseguidos naquela região e, dentro da xariá, a lei islâmica, é obrigação de todo muçulmano defender os adeptos dos livros (judeus e cristãos).

“Ó fiéis, não tomeis por amigos os judeus nem os cristãos; que sejam amigos entre si. Porém, quem dentre vós os tomar por amigos, certamente será um deles; e Alá não encaminha os iníquos”.

Nos séculos seguintes, os muçulmanos foram alargando as suas conquistas na Península, que governaram por quase oitocentos anos.

Não sou historiador, mas esta história me cheira o seguinte : os mulçumanos estavam de olho gordo na peninsula e usaram o argumento dos judeus para invadir. Depois que os judeus foram deixados em paz, os mulçumanos não só permaneceram ali, como expandiram seus dominios.

O período de ocupação

A ocupação mulçumana durou quase 800 anos, de 711 até 1492,  variando  a área de seus domínios e sua influencia, em maior ou menor escala.

Foram definitivamente explusos pelos reis católicos, Fernando de Aragã e Isabel de Castella.

Os mulçumanos que permaneceram na península, após o fim da ocupação, foram chamados de “mudejar”.

A conversão da peninsula ao islamismo

Com a invasão muçulmana da Península Ibérica, iniciou-se um processo gradual de conversão da população ibérica do cristianismo para o islamismo.

Segundo o historiador R. W. Bulliet, até o ano 800, apenas 8% da população autóctone de Al-Andalus havia se convertido ao islamismo. Em meados do século IX, essa proporção chegou a 12,5%. Ter-se-ia duplicado e chegado a 25% até 900, e em 950 a cifra teria voltado a duplicar. Até o ano 1000, 75% da população ibérica já era muçulmana, e a partir daí se estabilizou.

Os restantes 25% compunha a minorias cristãs e judaicas. Com a maioria convertida ao islamismo, a Espanha assumiu uma forte identidade árabe.

O inverso : a conversão da peninsula ao cristianismo

Com o avanço da reconquista cristã, houve o caminho inverso: muitos muçulmanos converteram-se ao cristianismo. Em Portugal, a população moura já estava bastante iberizada, e a sua assimilação na sociedade portuguesa aconteceu sem maiores problemas. Na Espanha, por outro lado, ainda havia uma grande população muçulmana que não abraçou o cristianismo, que foi perseguida pela Inquisição e expulsa do país no século XVII.

A reconquista

O período compreendido entre 711 e 1492 foi marcado por um longo processo de lutas, guerrilhas, pequenos confrontos, resultando finalmente na completa reconquista do território por parte dos cristãos.

Durante esta fase, dá-se o nascimento do Reino de Portugal e de diversos outros reinos na Península Ibérica, entre os quais o Reino dos Algarves e o Reino de Leão. Enquanto Portugal já em 1168 tinha seus limites muito próximos dos atuais, a unificação da Espanha deu-se de forma gradual; até hoje ainda existem movimentos separatistas.

A resistência asturiana – o comando de Pelágio

Por ocasião da invasão dos mouros, Abdulaziz (ou Abdul-el-Aziz) subjugou a Lusitânia e a Cartaginense, saqueando as cidades do Norte que lhe abriam as portas e atacando aqueles que lhe tentaram resistir.

Às suas investidas escapou, porém, uma parte das Astúrias, no Norte, onde se refugiou um grupo de visigodos sob o comando de Pelágio. Uma caverna nas montanhas proximo a cidade de Cavadonga, serviu de quartel general. Por vezes, Pelágio e seus companheiros desciam das montanhas na surdina para atacar os acampamentos islâmicos ou as aldeias tomadas pelos mulçumanos. Nesta caverna, Pelagio teria recebido visita da Nossa Senhora, que o abençoou. Por isso, no local foi erguido uma pequena igreja em homenagem a Nossa Senhora de Cavadonga.

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Caverna de Pelágio e a Igreja de Nossa Senhora de Cavadonga.
Um desses ataques, batalha de Covadonga (722), marcou o início do longo processo de retomada dos territórios ocupados, ao qual se deu o nome de Reconquista. Nesta batalha, Pelágio, em inferioridade numérica de soldados, conseguiu atrair os mouros a um fundo de vale, um desfiladeiro. De cima desse desfiladeiro, abriu fogo e atirou pedras sobre os mouros.

A resistencia da Astúria foi decisiva, pois foi a partir dali, o último reduto cristão que iniciou-se todo o processo de expulsão dos mouros (Reconquista).

A partir do pequeno território, que Pelágio designou como Reino das Astúrias, os cristãos encravados nas cidadezinhas do Norte e Noroeste da Península, foram gradativamente formando novos reinos, que se estenderam para o Sul. Surgiram os reinos de Castela, Leão (de onde derivou mais tarde o Condado Portucalense e, subsequentemente, Portugal), Pamplona e Aragão.

O reino das Astúrias durou de 718 a 925 (207 anos), quando Fruela II ascendeu ao trono do Reino de Leão.

Pouco se sabe sobre Pelágio, acredita-se que era visogodo. Outros dizem que era um galego ( natural da Galícia), ou nativo mesmo das Astúrias. Também há historiadores que consideram a hipótese de Pelágio ter sido um duque da Cantábria, um de chefe de um ducado (extensão de terras dentro do reino visigodo).

Dom Pelágio

Dom Pelágio, Pelayo ou Pelagius
A península ibérica neste período era dividido em pequenos ducados, pequenos reinos que não se entendiam entre si, e por isso a resistencia aos mouros era desorganizada.

Enfim, não é objetivo deste blog divagar profundamente sobre o tema da reconquista, uma história que durou 800 anos. Resumindo, os mouros foram finalmente expulsos da peninsula em 1492, pelos reis católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castela.

Ilustraciones pertenecientes al libro Las glorias nacionales...etc, autor desconhecido

Batalha de Gaudalete – cristãos x mouros
Pt-Reconquista2
Mapa demonstra a evolução da Reconquista, acontecendo gradualmente, no decorrer dos séculos,  do norte ao sul.

A Expulsão dos Mouriscos, 1894 (detalhe), de Gabriel Puig Roda.

A Expulsão dos Mouriscos, 1894 (detalhe), de Gabriel Puig Roda.
São Tiago matamouros

Durante a reconquista, soldados hispanicos afirmaram ter visto São Tiago montado em um cavalo branco descer dos céus durante uma batalha, e atacar os mouros, matando varios deles.
Santiago Matamouros

Mudejar

Mudéjar é um termo que deriva do árabe “mudaggan” ("doméstico" ou "domesticado") designa os muçulmanos ibéricos que permaneceram em território conquistado pelos cristãos, sob o seu controle político, durante o longo processo da Reconquista. A estes muçulmanos foi permitido prosseguir a prática da sua religião, utilizar o seu idioma e manter os seus costumes. Durante a Idade Moderna foram obrigados a converter-se ao cristianismo, passando assim a denominar-se “mouriscos”.

A arte mudéjar é um estilo artístico e arquitetônico muito usado pela igreja católica, que incorpora influências, elementos e materiais de estilo hispano-muçulmano, tratando-se de um fenômeno originário na e exclusivo da península Ibérica.
Estilo mudéjar no mosteiro de Guadalupe
Estilo mudéjar no mosteiro de Guadalupe
Sanluca Barrameda - Portal da Paróquia de la O. Estijo Mudejar

Sanluca Barrameda - Portal da Paróquia de la O. Estijo Mudejar

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