Hospital de Órbigo ---> Astorga
O caminho de Hospital de Órbigo até Astorga
12/05/2018 (22,2 km)
Saimos de Hospital de Órbigo as 8:20. Esta etapa é bonita, mas ventou muito o tempo todo, um vento chato e um pouco frio.
A tendinite no meu dedão do pé esquerdo incomodou pouco hoje, pois tomei um ibuprofeno de manhã.
Encontramos mais um “self service-food center”. O peregrino se serve sozinho e deixa num cofrinho o valor que ele julgar justo.
Estátua esquisita em Villares de Órbigo.
Bebedouro em Villares de Órbigo (a torneira está do outro lado).
Casa de adobe em Villares de Órbigo
O caminho, muito vento, por isso estava um pouco frio, apesar do sol.
Caminho segue por estrada rural.
Chegamos em Cruceiro de Santo Toribio. Um violonista chato e ruim fincou-se ali e dali não saia. Tivemos que tirar foto com ele, mesmo não querendo. Ele tocava uns 4 ou 5 acordes e nada mais. Bom, fazer o quê, deixei até uns trocadinhos, de peninha…
O cruzeiro, sem o violonista pentelho…
Homenagem ao peregrino, em San Justo de la Vega
Ponte mediaval sobre o rio Tuerto, em San Justo de la Vega.
Parroquia de San Juan Bautista, em Santibanez de Valdeiglesia.
Retábulo. A igreja não é tão antiga, do final do século 19.
Passarela sobre trilho de trem, proximo a Astorga. De esquisito é a extenção dela, eu penso que essa passarela tem uns 600 metros. A inclinação é bem suave.
~~~~~~~~~~Astorga ~~~~~~~~~~~~~~
Chegamos muito cedo em Astorga, as 13:30 ! O que foi muito bom, pois a cidade tem vários atrativos imperdiveis, tivemos a tarde livre para visita-los.
A Igreja de Santa Marta é dedicada a padroeira da cidade, foi inaugurada em 1741. Ao lado direito desta igreja, há uma pequena cela, que serviu para a pratica de confinamento voluntário durante a Idade Media.
A pequena janela retangular é de uma cela de confinamento. A escadinha improvisada, de tres blocos de pedra era o unico meio de contato das confinadas (como veremos a seguir) com os pedestres.
Solange na escadinha da cela.
Na Idade Média existiu o costume urbano de enclausuramento voluntário de mulheres. Este confinamento era também um juramento para toda vida, uma espécie de prisão perpétua voluntária. Estas celas eram construídas ao lado de monastérios e igrejas, debaixo de pontes, em cemitérios, etc. No inicio do confinamento, acontecia uma cerimônia de despedida, a entrada na cela e o fechamento dela. Ali a devota permanecia em estado de penitencia por algum ato ou crime cometido, e dedicava sua vida a orar. Entretanto, alguns historiadores afirmam que nem sempre o confinamento era voluntário, seria na verdade prisão para mulheres que praticavam a prostituição. Vários cidadãos contribuíam para manter essas mulheres, que em troca, oravam por eles. É bastante provável que tinham morte prematura, causada pela falta de sol (vitamina D), obesidade, problemas cardíacos, (já que não se movimentavam), condições sanitárias precárias, depressão, etc.
Esta pavorosa e cruel prática foi proibida pela Igreja Católica no final do século 18. Ordenou-se a destruição de todas as celas, entretanto essa de Astorga permaneceu intata.
O interior da cela de confinamento, em Astorga, também conhecida como “celda das emparedadas”.
No caso desta cela, em Astorga, uma janela dava acesso a rua. Através dela, os fiéis e peregrinos doavam dinheiro e comida para as confinadas. Em cima da janelinha, há um bloco branco, onde se lê em Latin “Memor esto juditii mei, sic enim erit et tuum. Mihi heri, et tib hodie. Ex ecclesiastes”, “Lembrem-se da minha condição, por que esta será também a sua. Eu hoje, você amanhã. Do (livro) Eclesiastes”.
Ilustração de uma emparedade, século XV.
From “Camino de Santiago”, John Brierley, Camino Guides.
Comentários
Postar um comentário