O caminho de Nájera até SANTO DOMINGO de la CALZADA
21,3 Km – 27/04/2018
Plano, com retões quilométricos e paisagem agricola repetitiva, este é um dos trechos mais monótonos do Caminho. Estavamos numa época de florada de canola, por isso o caminho pelo menos estava colorido de amarelo. Apenas dois povoados neste trecho : Azofra e Cirueña, que nada de interessante tem a mostrar. Em compensação, a cidade de Santo Domingo de la Calzada nos oferece a esplêndida Catedral e o Claustro.
Azofra
Retão com feno…
12:30 - Retão com feno a esquerda e canola a direita.
Pausa para uma selfie
Chegamos em Santo Domingo de la Calzada as 13:50, muito cedo, nosso record ! Isso por que esta etapa do caminho era fácil, sem subidas e descidas e também nela não tinha nada para se ver.
Antes de ir ao hotel, passamos na Catedral de Santo Domingo de la Calzada, curiosos para ver a gaiola dos galos vivos.
A primeira igreja no local foi inaugurada em 1098. Posteriormente em 1158 decidiram ampliar a igreja, e começaram a construção da atual Catedral. No século 16 foi adicionado mais uma parte, do lado direito do transepto, para ali ser feita a tumba de Santo Domingo. A Igreja tem a planta em formato de cruz latina, dividida, portanto em tres amplas naves. Estas por sua vez possuem suas capelas.
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Entrada principal da Catedral
A torre do campanário da Catedral é externa, isto é, afastada da Catedral.~
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O retábulo maior da catedral de Santo Domingo de la Calzada é belissimo, realizado pelo artista renacentista Damian Forment. A obra foi terminada em 1540, pouco antes da morte deste artista.
Detalhe do retábulo maior
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A lenda do galo assado que cantou
Conta a lenda que um peregrino alemão chamado Hugonell estava caminhando para Santiago com seus pais. Decidiram descansar em Santo Domingo de la Calzada, e procuraram uma pousada.
A filha do dono da pousada imediatamente apaixonou-se pelo peregrino, mas ele não se interessou por ela. A moça, furiosa, furtivamente colocou um cálice de prata na mochila do peregrino. Quando deram pela falta do valioso objeto, a moça acusou o rapaz de furto.
Naqueles tempos severos, o furto era punido com enforcamento. Hugonell então foi mandado à forca.
Seus pais, apesar de entristecidos, não desistiram da peregrinação e continuaram até Santiago de Compostela. Quando voltavam, decidiram parar em Santo Domingo para visitar o túmulo do filho, mas verificaram surpresos que ele continuava ainda pendurado na forca. E mais, verificaram que o filho ainda estava respirando, vivo !
Hugonell, moribundo e a beira da morte, murmurou aos pais que Santo Domingo havia o protegido e pediu que procurassem o prefeito da cidade para, em nome do milagre, retira-lo da forca.
Apressados, foram a casa do prefeito e encontraram o a mesa, almoçando. Contaram então o milagre, e o prefeito, incrédulo e irônico disse :
“Vosso filho está tão vivo quanto esse galo assado”.
Foi então que aconteceu um segundo milagre : o galo assado subitamente ressuscitou e começou a cantar, andando sobre a mesa. Imediatamente, o prefeito ordenou que o peregrino fosse retirado da forca.
Desse dia em diante, a cidade ficou conhecida como “Santo Domingo do Caminho, onde o galo assado cantou”. Em 1350 o papa Clemente VI assinou uma autorização permitindo a presença de galos na Catedral. Para manter viva a lenda, foi construída uma gaiola dentro da Catedral, onde há sempre galos vivos.
A gaiola com os galos vivos, na Catedral de Santo Domingo de la Calzada. Em cima, há um pedaço de madeira e uma placa dizendo que trata-se de um pedaço da forca do peregrino.
Infelizmente, devido ao forte contraste de luz, não se enxerga as aves nesta foto.
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A Catedral possui uma belissima Via Crucis, tentei fotografa-la inteira, mas as condições de luz não permitiram.
São Tiago peregrino.
São Tiago Matamoros em Catedral de Santo Domingo de la Calzada
Detalhe do coro
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O claustro da Catedral de Santo Domingo abriga diversas obras de arte sacra.
Sao Francisco de Assis cercado de crocodilos. Estranha figura, pois São Francisco nunca viu um jacaré na vida.
Uma ala do claustro. Na frente, São Roque.
Um pequeno retábulo.
Detalhes do retábulo : acima uma cena da infancia de Jesus e abaixo parece ser uma cena da via crucis, Jesus encontra as mulheres de Jerusalem.
São Sebastião
Santa Veronica
Santa Ana, Virgem Maria e Menino Jesus
Presépio – a venda no gift shop na saida do claustro.
A ultima ceia – a venda no gift shop após o claustro.
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Hotel Parador de Santo Domingo
Este famoso hotel ocupa um antigo hospital do século XII, erigido por Santo Domingo junto à catedral para acolher os peregrinos que percorriam o Caminho de Santiago. Fomos até lá e entramos no restaurante, fingindo que estavamos interessados em jantar, mas entramos lá só para conhecer e tirar fotos.
Estranho e feio monumento ao peregrino, em Santo Domingo de la Calzada.
Uma rua em Santo Domingo de la Calzada, vazia as 18:00, neste dia provavelmente o povo esticou a siesta.
Quem foi Santo Domingo de la Calzada ?
A cidade de Santo Domingo de la Calzada tem esse nome em homenagem ao seu fundador, Domingo Garcia. Ele nasceu em Burgos, filho de pais pobres agricultores, e viveu entre 1019 a 1109. Foi ordenado padre em 1039. Domingo Garcia melhorou o Caminho para Santiago de Compostela, construindo ponte, hospedarias e calçamentos (daí seu nome, Santo Domingo da Calçada). Por haver operado vários milagres, após sua morte foi declarado santo. É considerado o patrono dos peregrinos. O milagre mais famoso de Santo Domingo foi o caso do “galo assado que cantou”.
Duas estatuetas de Santo Domingo, no Museu do Claustro da Catedral.
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Ufa ! cheguei ao fim deste post sobre o caminho de Nájera até Santo Domingo de la Calzada ! Foi dos mais trabalhosos !
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