Catedral de Santiago de Compostela e botafumeiro

A Catedral de Santiago de Compostela foi construída entre 1075 e 1128, em estilo românico, na época das cruzadas e durante a Reconquista Cristã, tendo sofrido depois várias reformas que lhe adicionaram elementos góticos, renascentistas e barrocos.

No local, existia um cemitério, usado entre os séculos IV a VII. Mais tarde, em 813 d.C., uma pequena igreja foi construida a mando do rei Afonso II, para abrigar os restos mortais de São Tiago.

Durante o reinado de Afonso III, o Grande, devido ao número crescente de peregrinos e às pequenas dimensões da igreja, decidiu-se construir um novo templo, de maiores dimensões e com melhor construção do que o então existente. A nova igreja foi construída em estilo estilo pré-românico, com três naves e uma abside quadrangular.

A consagração da nova igreja teve lugar com grande pompa em maio de 899. A ela assistiram «a família real, 17 bispos, 14 nobres e outras personalidades».

Em volta da igreja surgem na mesma época outras edificações, como os mosteiros de São Martinho Pinário e a sua Igreja de Santa Maria da Corticela, situado a norte da basílica, e o de São Paio de Antealtares, situado a leste.

No verão de 997, Santiago de Compostela foi atacada por Almançor, o governante do Califado de Córdova. Prevendo esse ataque, o bispo Pedro de Mezonzo tinha mandado evacuar a cidade. Almançor incendiou a cidade e a Catedral, mas respeitou o sepulcro do apóstolo. A conservação do sepulcro permitiu que o Caminho de Santiado continuasse apesar da destruição do santuário, que voltou a ser reconstruído cerca do ano 1000 pelo bispo Pedro de Mezonzo.

Com o aumento das peregrinações que acorriam a Santiago de Compostela, o rei Afonso VI, o Bravo e do bispo Diego Páez em 1075 decidiram então construir uma nova e grandiosa igreja no local. As obras se estenderam por longos 53 anos, sendo finalmente consagrada a igreja em 1128. No decorrer dos séculos, a igreja sofreu sucessivos aumentos.


Catedral de Santiago de Compostela (from Wikipedia)

O botafumeiro

Tanto me perguntaram por ele que resolvi escrever sobre. Botafumeiro é um recipiente onde se queimam incensos, para perfumar ritos religiosos. É um incensário. Na Idade Média o hábito de se tomar banho não era muito difundido, e a concentração de pessoas dentro dos templos religiosos tornavam o cheiro da missa não muito agradavel. Daí a origem da queima de incensos, para atenuar o cecê.

O botafumeiro de Santiago de Compostela é um grande incensário, de 1,5 mt de altura, 53 kg. . Seu uso remota ao século 12, pois é mencionado no “Codex Calixtinus”, desta época.

O botafumeiro é usado na missa do peregrino (12:00) nos seguintes dias :

6 de janeiro – Epifania
Domingo de Ressurreição,
Dia da Ascensão do Senhor,
23 de maio – dia da Batalha de Clavijo (dia da aparição de Santiago Matamoros)
Dia de Pentecostes,
25 de julho – dia de São Tiago
15 de agosto – dia da Assunção de Maria
01 de novembro – dia de Todos os Santos
08 de dezembro – dia da Imaculada Conceição
25 de dezembro – Natal
30 de dezembro – dia da trasladação dos restos do apóstolo
Em todos os dias, quando é ano de Júbilo (Ano Jacobeo)

Em 2013 a prefeitura de Santiago de Compostela e a Associação dos Hoteis chegaram a um acordo para o botafumeiro ser usado em todas as sextas-feiras durante o verão, na missa das 19:30.

O botafumeiro é também usado sob encomenda, ao custo de 300 euros. Em geral, grupos fazem “vaquinha” para tal. A encomenda é feita na Oficina do Peregrino, a poucas quadras da Catedral. Quem não participa da vaquinha, assiste o botafumeiro de graça.

Ao longo dos séculos, dois incidentes aconteceram com o botafumeiro. Em 1499 ele escapou e saiu voando, indo estatelar-se na porta da Praça de Praterias. Em 1622 rompeu-se a corda, e ele foi ao chão. No século 20, atingiu um peregrino, quebrou lhe algumas costelas e o nariz.
Como agora é moda fakenews, em 2018 surgiu uma fake sobre o botafumeiro de Santiago de Compostela: a fake dizia que um grupo encarregado pelo botafumeiro colocou um tijolo de maconha nele e deixou todos os peregrinos da missa pirados.

O teto da Catedral

Quem quiser pode subir até ao teto da Catedral. Vale muito a pena. Ao lado esquerdo da catedral há uma portinha. A subida começa ali. A cada 40 minutos mais ou menos sobe um grupo, todos juntos com um guia falando ingles. O tour custa mais ou menos 3 Euros.

Nave principal, visto da galeria superior.

Solange no teto da catedral.

Grupo do “tetotour”

Uma caixa grande de concreto foi construida sobre o teto da catedral. Nos promórdios, ela servia para os peregrinos queimarem suas roupas. Quando o peregrino chegava em Santiago de Compostela, comprava roupas novas, pois a da caminhada estava em trapos, suja e provavelmente investada de carrapatos. Por isso, eram queimadas. A igreja providenciou este local.